Era como se todos tivessem ido embora e eu tivesse ficado.
Uma amiga escreveu que a maioria das pessoas que ela havia perdido, não tinha sido para a morte. E que isso deveria bastar. Eu, por outro lado, não acredito que a gente perca alguém para a vida. O sentido de perda, de luto, podem sim, acontecer em vida, mas ele só é definitivo na morte. A morte é irreversível. A vida, se faz todos os dias. Mas talvez eu esteja redondamente errada. Talvez vida e morte não passem apenas de grandes ou pequenas perdas, e o caminho entre um e outro seja a batalha diária e constante para que consigamos ganhar algo: dinheiro, amor, paz, sexo.
Quando a Fernanda morreu, eu senti um vazio que nunca havia sentido na vida. Talvez tenha sentido algo parecido apenas quando uma tia minha faleceu, e eu tinha 5 ou 6 anos. Não tive tempo de tentar salvá-las (não que eu achasse que pudesse), não tive tempo de me despedir, quase não tive tempo de beijar seus rostos, e não o fiz. Ficamos inertes na memória.
Esse vazio, eu o sinto ainda. Mas não quero transferir a perda que eu tive ali, para o medo constante e desesperador de perder outra pessoa que amo, não para a morte, mas para mim mesma.
Antes dela, eu era uma pessoa muito mais segura e não tinha tantos medos. Depois dela, tentei a todo custo manter os que amava ao meu redor, para que não fossem embora, para que eu não os perdesse. Eu tenho que aprender que: distância não é perda. Afastar-se não é perda.
E às vezes, afastar-se pode ser o maior gesto de amor que você pode dar para alguém.
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